CPI do Roubo de Carga

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Diante de todas essas questões levantadas e da necessidade de se encontrar soluções para eliminar esse problema que aflige não somente o setor de transporte, mas a população e toda economia do Brasil, torna-se imperiosa a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI, que apure, com a seriedade rogada pela relevância do tema, os esquemas de roubo, receptação e comercialização de carga de forma a criar condições necessárias para a condenação, com o máximo rigor da Lei, os componentes das quadrilhas que vem agindo indiscriminadamente, causando medo e insegurança aos transportadores de carga de todo o País.
Outro fator de grande peso para a instalação da supracitada CPI é a ligação do tráfico de drogas com o roubo de cargas, quando mercadorias e o próprio caminhão servem de moeda com o narcotráfico, inclusive em outros países. Um exemplo desta relação encontra-se no Nordeste: traficantes pagam R$ 100 a pequenos lavradores para transportarem um saco de maconha até o ponto de embarque, geralmente às margens das rodovias tronco e vicinais. A mercadoria é recolhida por envolvidos no esquema e distribuídas em pontos de escoamento da droga espalhados por todo o país.

A Associação Brasileira dos Transportadores de Carga – ABTC, engajada na missão de zelar e preservar pela imagem pública do transporte de cargas de forma a promover o desenvolvimento e defender os interesses do setor, tem como uma das diretrizes básicas de sustentação o apoio à CPI do Roubo de Carga, que investigará, pelo menos, os seguintes pontos:

O FALSO ROUBO: ocorre quando o caminhoneiro simula um assalto, desviando do trajeto da carga e, em seguida, a entrega para um receptador. Ambos recebem um percentual do valor da mercadoria desviada, constante na nota fiscal. O caminhoneiro faz a ocorrência na delegacia mentindo sobre o fato. Em alguns casos, a transportadora é a mentora do falso roubo com a finalidade de obter o valor do seguro e também, lucrar com a revenda do produto desviado;

FALSOS POLICIAIS: homens vestidos com fardas da Polícia Rodoviária Federal e coletes da Polícia Civil encenam uma blitz e realizam o assalto; em alguns casos, os bandidos agem em barreiras fiscais, onde os caminhoneiros são obrigados a parar para carimbar a nota fiscal da carga, que após ser identificada, é informada por telefone ao grupo de assalto, que já em locais determinados na estrada aguardam o caminhão para efetuar o roubo;

EXTORSÃO: após investigação do roubo, policiais passam a extorquir os criminosos ou receptadores;

ENVOLVIMENTO DE POLICIAIS: após acidente ou qualquer problema que impossibilite o caminhoneiro de prosseguir a viagem com sua carga, o caminhão é levado, a reboque, ao o Posto da Polícia Rodoviária, para posteriormente ser entregue à empresa responsável. Os policiais retiram a carga e relatam no Boletim de Ocorrência que a mesma havia sido saqueada por pessoas residentes nas proximidades, quando o caminhão sofreu o acidente;

CAMINHÃO EM DÍVIDA: uma pessoa compra um caminhão e não tem condições de pagá-lo, o que acarreta em atraso nas prestações e, conseqüentemente, solicitação de busca e apreensão do bem na Justiça. Antes disso ocorrer, o dono do veículo paga uma pessoa para levar o veículo para o Exterior, geralmente o Paraguai, vendê-lo e posteriormente, registrar a queixa de que fora roubado com a finalidade de se eximir do pagamento das prestações, que são cobertas pelo seguro e, também, lucrar com a venda ilícita;

REMÉDIOS VENCIDOS: no cumprimento da Lei, os laboratórios recolhem os medicamentos vencidos nas farmácias de todo o país e simulam um roubo com a finalidade de receber o seguro da carga e obter lucro com uma mercadoria sem valor comercial. Em outra situação, medicamentos roubados, em condições normais de uso, quando acondicionados e transportados inadequadamente, compromete a qualidade do produto, principalmente devido ao prazo de validade e, conseqüentemente, provocam danos à saúde da população;

ENVOLVIMENTO DE SUPERMERCADOS: com a finalidade de reduzir custos e garantir uma boa imagem junto aos administradores do estabelecimento, gerentes de grandes supermercados compram mercadorias roubadas a preços inferiores praticados no mercado atacadista e as disponibilizam nas prateleiras com valores abaixo da concorrência.

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